segunda-feira, 27 de abril de 2015

A FLORISTA DA RUA SÃO PAULO




Lá vem a moça sorridente,
com sua cesta de flores.
O sinal fecha, os carros param.
Ela oferece seus mimos a um, 
oferece a outro.
Não vejo ninguém comprar.


Moça, do céu, onde estão
os galãs, os apaixonados,
capazes de levar um botão de rosa
 para a amada?


Desapareceram?
Desertaram?
Ou se transformaram
 em bonecos virtuais?


Ah! moça, pena os homens
acharem esquisito receber flores...
Não fosse isso, juro que comprava
uma rosa para aquele homem
  na esquina, estático...
Tão sorumbático...
De olhar lunático...
Parece não ser deste mundo.
Ou sou eu a fora da órbita?



Celina Rabello – BH- 27/04/15

quinta-feira, 23 de abril de 2015



NA  ASA  DO  VENTO



Na asa do vento
giro, rodopio, decifro
no espaço e no tempo,
os enigmas.


Leve e livre, só brisa,
macia, fugidia,
guio meu navio
no fio do pensamento.


Vejo e aprecio,
do mar do firmamento,
a bombordo da vida,
as nuances desapercebidas,
os semitons do dia a dia.


E nessa viagem
no tempo e no vento,
ora da popa, ora da proa,
assumo o meu quintal-mundo,
o mundo que é o meu quintal.


Neste passo e compasso,
um rumo diferente eu traço
e viajo a outros terrenos.


Esse sonho e aventura
requer um outro mapa,
registro de novas atas,
silenciar a matraca,
esvaziar minha arca
e acolher sem julgar.


Para um novo bordado,
descobrir novas cores,
outro risco e matizes
em trama bem alvejada,
costurada e arrematada
por diálogo construtivo,
sincero, aberto e afetivo.


Guardei as minhas certezas,
libertei o aprendiz
humilde e curioso
e que vive sequioso
por conhecer nova gente,
transpor fronteiras e pontes
erguer marcos e arcos.



Minha arca esvaziada
para encetar a viagem,
volta agora abarrotada
de bem-querer e afagos,
em cada porto, conquistados.


Meu quintal ficou mais rico:
memórias cultivadas,
os afetos  semeados,
amores revisitados,
amizades ampliadas
nos laços que faço
na asa do vento,
no tempo e no espaço.  
  


Celina Rabello – BH - 16/04/15