ÁNTHROPOS
Promessa.
Aprendiz.
Mistério.
Uma denúncia viva,
a sua existência de contradição:
a intimidade o intimida;
nudez de corpo
e alma encouraçada.
Das interrogações,
perdeu a chave
da caixa interna
das respostas.
Delegado ao mundo da surdez,
deserdado de uma relação autêntica,
joga o “faz de conta”.
Os olhos não mais se encontram,
a boca desmente o coração.
Presa do barulho, urbano e interno,
do ladrar dos próprios pensamentos,
não enceta a viagem essencial.
Não faz do seu medo,
instrumento de travessia.
Não acolhe com benevolência:
a palavra,
o gesto,
o coração.
Busca seu semblante esquecido,
longe da Fonte Originária,
longe do espelho mágico,
do cofre, que só ele abre.
Sua grande questão,
o cume do seu projeto:
trazer vida à sua existência.
Mas perdeu-se Daquele que É.
Perdeu-se do “Caminho, Verdade e Vida”.
E mascarado, dança no redemoinho
dos caminhos tortuosos, enganosos,
das verdades ingênuas, da má fé.
Morto, na ilusão desta existência,
sepultado, pelos itens do consumo,
desespera-se da VIDA verdadeira.
Sujeito às exigências descartáveis,
deixa de ser o sujeito do seu projeto.
Não discute o estatuto imposto,
não se liberta do apego aprisionante.
Cortou as próprias asas
e sonha com um voo
rumo ao cimo da montanha.
Antrophos,
o estatuto da vida,
o estatuto do sujeito,
o profundo sentido e significado
do seu livre arbítrio
é o AMOR,
confiança e respeito do Criador.
Que brilhe e clareie sua escalada,
esse diamante que traz no peito,
pedra bruta da sua existência.
És mineiro de nascença:
Garimpar - sua tarefa;
lapidar - sua missão.
Celina Rabello - 16 de novembro de 2011