QUARTO
ESCURO
Ao amigo, Jorge A. Cavallet, um Parapsicólogo que transmuta uma
amizade em ipê florido.
Quarto
escuro feito breu.
A
janela de madeira
não
deixava passar
um
fiapo de luz.
Onças,
lobos, lobisomem,
mula-sem-cabeça,
assombrações
saltavam,
diretamente, das histórias
do tio
Joaquim, português,
para o
meu quarto de infância.
E a “menina
valente”,
expressão
dos lábios paternos
estimulando
a coragem em mim,
cobria
a cabeça, fugindo do escuro
e dos
monstros que o habitavam.
Hoje,
o escuro do desconhecido,
da entrega irrestrita,
do
total desapego e da morte,
ainda
me assusta.
Medo
do que o escuro esconde
do
estar no mundo
e do
ser no mundo, real e no transcendente;
mas
não, medo da luz.
Contrapor
a coragem ao medo.
Cor-agem,
agir com o coração,
sem
desprezar o segundo prato da balança.
Razão
e sensibilidade,
pesos
iguais para o lado
direito
e o esquerdo -“Equi-librium”.
Aprendizagem
para uma vida inteira:
errar,
parar, pensar, pesar de novo.
Abrir
a janela,
vencer
o escuro acendendo um olhar novo.
Transfigurar
o medo em lanterna
e capturar
a alegria gratuita
que se
perdeu em fotografias antigas
e a
leveza da vida, que lateja
nas
árvores da rua.
“Decifra-me
ou te devoro". 1
Enfrentar
o enigma com outro enigma.
Dançar
na corda bamba, a cada dia ser,
alvorecer,
refazer, resplandecer
apesar
de.
Celina Consuelo Rabello Campos – 01 de maio de 2014
1- Ameaça da Esfinge mitológica da tragédia de Sófocles, "Édipo Rei",
Celina Consuelo Rabello Campos – 01 de maio de 2014
1- Ameaça da Esfinge mitológica da tragédia de Sófocles, "Édipo Rei",
ao propor aos passantes o enigma: "Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio dia tem dois, e à tarde tem três?"
Ipês da entrada da Fazenda Água Doce - Cacoal - Rondônia - Propriedade de Jorge A. Cavallet