terça-feira, 25 de setembro de 2018





SEIXO



Um seixo rola
no riacho cheio.
É areado, pega limo, muda de cor.


Vai aonde ninguém vai.
Às vezes não vai.
Para, estaca, sente.



Partilha com as poças
a luz, a sombra, o verde.
Na sua estrada líquida
emerge, às vezes, afunda.
Rola depressa, devagar, ritmado.
Simplesmente segue.
No bamboleio do movimento,
na água derrama sua mutável forma.



Celina Rabello – 1º de março de  2018


sexta-feira, 14 de setembro de 2018






CRISTAL  LÍQUIDO



Águas cristalinas,
cristais e água.
Pureza translúcida,
transparente refulgência .





Vê-se através.
O lodo, o musgo, as  pedras
ondulam e cintilam.
A vida em euforia
borbulha e dança na nascente,
nas corredeiras, nos leitos calmos.


Espelho para Eros, Ares e Narciso.
Tudo se debruça, se banha, se vê.
Corrente, a água lava, leva, louva!
Chega às fontes e chafarizes,
testemunha as prosas, as pragas, as preces.




À arte alimenta.
Aos marcados purifica.
Aos sedentos alivia.
E corre límpida, fresca,
cristal e pérola.
Diamante líquido na poesia.



Celina Rabello – BH 13/09/2018