sábado, 13 de setembro de 2014

PRUMO


Aprumar-se.
Como bom pedreiro,
alinhar a esquerda e direita,
um olho no alicerce
e  outro na cumeeira.
Montar o touro de Creta
e comandá-lo de volta ao continente.


Ser antena viva que
interliga céu e terra.
Imersa na rede imanente,
nas exigências prosaicas,
viver o transcendente:
“enraizamento e abertura”. 1
Manter a tensão que alinha,
alinhavando criatividade e produção,
numa dança de leveza e flexibilidade.
Eta malabarismo circense!


Dar vazão aos sentimentos,
e não se afogar na emoção.
Considerar o logos, ouvir a lógica,
sem ignorar o coração.
Respeitar a experiência
e, ainda assim, ousar, arriscar, renovar.


Portar a tocha da lucidez,
dar a vitória ao discernimento,
sem, contudo, desprezar a loucura,
 a coragem de ir além,
de brincar de equilibrista,
de rir de si mesma,
do camundongo transvestido de leão
e do lobo fantasiado de cordeiro.


E, no fundo do poço,
sacudir a terra que lhe cai em cima.
Fazer, do suposto túmulo,
uma escada para o infinito.
Perder o medo de escorregar.
Aprumar-se,
 sempre!



 Celina Rabello – 12/09 /14

1- Expressão usada por Leonardo Boff, ao abordar imanência e transcendência em seu livro "Tempo de Transcendência"








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