ESPIRITUALIDADE
Compaixão e ternura,
paciência e tolerância,
justiça e cuidado
dialogam no templo
da espiritualidade –
“solidariedade na prática,
amor na essência”.1
Caminho clamante por descoberta
e cultivo da não dualidade,
trilhado de dentro para fora
e de fora para dentro.
Elo interligado ao somático
e ao psíquico compõe
a beleza da mandala humana:
cada dimensão é uma porta
que se abre a outra e que,
juntas, conduzem à inteireza
e às possibilidades da vida.
Espiritualidade, alavanca
do potencial de servir,
acende uma centelha nos olhos,
estende mãos solidárias
em gestos
que alforriam a si mesmo
e fazem a emancipação do jugo
e do jogo do individualismo.
Pétalas só de bem-querer
formam esta flor humana,
onde o amor desenha a rosácea
da harmonia
e faz, no centro, a sua
morada.
Espiritualidade, dimensão superior,
transcendente e ilimitada do humano,
conexão com algo maior que o próprio homem -
ser relativo, mas aberto ao absoluto.
Instância humana, fértil de luz,
manifesta o Invisível imanente
na circularidade do amor
Criador-criatura.
Anterior a qualquer religião,
essa sinfonia humana e divina
suscita questões existenciais básicas,
nascentes da inteligência espiritual.
Em reverência, nos perguntamos:
- qual o sentido da vida?
- qual o sentido da minha vida?
- o que esperar depois dela?
Revelada pela consciência de participação,
de comunhão, de partilhamento,
presente em cada atitude de amorosidade,
de piedade, de fraternidade
Procura pessoal pelo sagrado,
transcende o ego e valoriza
Vivencia a intimidade com o Divino,
a benevolência para com
todos os seres vivos,
o cuidado para com o Planeta,
o amor à família humana
e ao Pai dessas diferenças
que, somadas, conduzem à Unidade.
Espiritualidade, insígnia
que promove a mudança interior
e dá sentido ao destino humano.
Transpõe credos e prédicas,
concretiza-se no “Bom Samaritano”
e nos ancora no coração de Deus.
Celina Rabello – 05/11/2014
1-
Definição de espiritualidade do psicólogo, antropólogo
e escritor mineiro, Roberto Crema.
Poema baseado nas ideias sobre espiritualidade apresentadas pelo teólogo, doutor em filosofia e escritor Leonardo Boff e por Frei Betto, escritor mineiro e religioso
dominicano, que recebeu o principal prêmio literário do Brasil – o Jabuti.