SEMENTE
Semente, sobrevivente
na correnteza escura
do rio noturno,
não desisto,
procuro o que não está aqui.
Cerro os olhos da noite,
calo o medo insistente,
destravo a porta da mente
e salto, de paraquedas, nos sonhos.
Entro nas cenas
que crio e recrio -
refúgio e abrigo.
Rumino e germino
da vida perdida,
negada, sonhada,
a semente persistente
que sobe o rio
e busca a nascente
da água corrente,
vital nutriente
da alma da gente.
Semente andarilha
busco luzes no escuro
deste rio sagrado
de resposta e armadilha.
Ele guarda as respostas
daquilo que busco:
princípio e sentido
da vida errante,
que começa e finda
na mina espumante
de jorro infinito.
A imagem em ação,
do norte, a estrela,
do afeto, o corrimão.
Chego à fonte do sentido
e broto em significados.
Celina Rabello - BH - 1º de novembro de 2017
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