A PEÇA
Há que se atingir um alvo:
o óvulo,
a testa de Golias,
o coração do amado.
O sêmen inunda o côncavo,
a pedra, em voo, é lançada,
do olhar, parte a flecha, em disparada.
Projétil e alvo se integram.
Explosão de energia
de vida,
de morte,
de amor – Eros e Thânatos.
Tudo se mistura,
se desmistura,
tudo está enlaçado:
alfa e ômega, celebrações diversas
do mesmo ciclo.
A vida, em primícias
ou fechando sua curva,
é mistério da Unidade,
volta infinita ao eterno,
rio circular - Hades e Éden.
O laço do amor
é também holográfico,
nas pontas que se entrelaçam,
encontram-se o caçador e a caça.
Na laçada que prende
há o nó que solta...
Em meio ao redemoinho,
a inocência da visão partida
esfacelou-se.
Não há caminho de volta
Tudo ligado a tudo.
O ponto de referência girou;
desta ciranda, o epicentro é a vida.
Tonta, desponta a atriz da peça,
não há como sair do palco.
Celina Rabello - 03/02/2012
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