domingo, 5 de fevereiro de 2012

A PEÇA




Há que se atingir um alvo:

o óvulo,

 a testa de Golias,

o coração do amado.



O sêmen inunda o côncavo,

a pedra, em voo, é lançada,

do olhar, parte a flecha, em disparada.



Projétil e alvo se integram.

Explosão de energia

de vida,

de morte,

de amor – Eros e Thânatos.



Tudo se mistura,

 se desmistura,

tudo está enlaçado:

alfa e ômega, celebrações diversas

do mesmo ciclo.



A vida, em primícias

ou fechando sua curva,

é mistério da Unidade,

volta infinita ao eterno,

rio circular - Hades e Éden.



O laço do amor

é também holográfico,

nas pontas que se entrelaçam,

encontram-se o caçador e a caça.

 Na laçada que prende

há o nó que solta...



Em meio ao redemoinho,

a inocência da visão partida

esfacelou-se.

Não há caminho de volta

para a consciência ampliada.



Tudo ligado a tudo.

O ponto de referência girou;

desta ciranda, o epicentro é a vida.

Tonta, desponta a atriz da peça,

não há como sair do palco.



Celina Rabello - 03/02/2012

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