ÁRVORE
DE SONHOS
Vivo
das translúcidas águas
de
um rio que corre
em
música, imaginação e memória.
Vivo
desses infinitos fugazes
que
nutrem a alma no cerrado da vida.
Os
sonhos me habitam.
Nascem
dessas águas correntes
maltratadas
pelas mãos do tempo.
Nutrem-se
nos lençóis freáticos
da
alma que desconhece limites,
distância,
espaço, calendário.
Que
sabe apenas da eternidade,
só
do ilimitado das possibilidades.
Primeiro
uma folhinha se mostra;
mais
uma, mais outra e outra.
Um
galho inteiro se equilibra
entre
a memória e o desejo.
Aparece
mais um galho, outro
e
a árvore está formada e forte.
As
tempestades, os ventos
discutem
com a árvore-sonho.
Arrancam-lhe
as folhas, açoitam-lhe os galhos,
esfregam-lhe,
no tronco, pedaços de outros sonhos.
Ela
resiste e carrega suas marcas – hieróglifos
sulcados
em sua alma e em seu corpo.
Decifra-os
um a um no diálogo com a esfinge.
A
história continua,
ora
vence a árvore, ora o vento.
Mas ela sempre pende para a esquerda.
Mas ela sempre pende para a esquerda.
Celina
Rabello – BH, 1º de julho de 2018