sábado, 27 de junho de 2020




BOLINHAS DE GUDE


BOLINHAS DE CHINA


 BILA - BIROSCA





Sol rachando no céu

e o jogo vai começar.

Círculo traçado no chão.

Emoção suspensa no ar.



Dois traços em lados opostos,

jogadores atrás das linhas.

Azulam e esverdeiam no centro,

de gude, treze bolinhas.




Na mão, para jogar,

uma bolinha maior.

É preciso acertar

uma bolinha do meio.

Fazê-la do limite saltar,

sem a atiradora levar

em perdido chicoteio.


  

Sorteia-se quem vai começar.

Da emoção, é aberta a porteira.

Nós dos dedos apoiados no chão,

a mirada deve ser certeira.

O jogador com o dedão

 lança a bolinha, a sorte, o coração. 



A atiradora põe uma verdinha,

rápido, pra fora do círculo.

O jogador se anima,

sua respiração é forte -

ganhou um ponto,

uma azulzinha,

 volta a jogar, crê na sorte.




-Nóóó! - Nossa! -Nossa Senhora!

Da plateia, o repertório ardoroso

ao jogador anima e  incentiva.

Mas, as palavras ruidosas

podem se tornar raivosas

e até mesmo belicosas.


De novo, a atiradora é lançada.

Erra, agora, o jogador.

Mas, é pássaro sozinho

o lamento da sua dor.



O adversário assume o jogo.

Na partida, corpo e alma.

A brincadeira continua -

técnica, regras e calma.


A plateia acompanha, fiscaliza,

palpita, torce e grita.

A molecada inteira no jogo,

o tempo pra eles não existe.





Os meninos treinam as regras,

o competir, o ganhar e o perder.

Ensaiam comandar sua trajetória,

rabiscam o preâmbulo de sua história

ao jogar, ao brincar, ao viver!




Celina Rabello – BH, 24/05/2018








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