MEMÓRIA
Memória,
espelho da meninice
e do entusiasmo.
Poço
das interrogações
da
primavera e do outono.
Memória
das cores e do perfume do manacá,
das
murteiras em branco enfileiradas,
platéia
para as rodas e cantigas,
das
risadas e prazer
do
pular corda e colares de boninas.
Memória
do jarro de prata e das flores da alegria,
do
mistério do forno de barro
que
engolia latas pretas
e
partejava o dourado das quitandas.
Lembrança
dos tachos e gamelas,
do
tum tum tum do pilão
transformando
rapadura, farinha
e amendoim na paçoca cheirosa -
sabor
da infância emoldurado pela saudade.
Fartura
e liberdade
sem
chaves e fechaduras.
Memória:
Escorregões, tropeções e impulsos –
bojo de estranhas descobertas.
Depósito de expectativas,
para com bagagem leve
fazer a travessia.
fazer a travessia.
Aprender
a aprender,
aprender a desaprender
.
O
edifício pessoal, no claro-escuro,
cresce soletrando a si mesmo
no
texto e no contexto
da
dor, do prazer
e
da memória.
Celina
Rabello – 20/06/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário