terça-feira, 26 de setembro de 2017




IPÊS


Para Marcus Vinícius, meu filhinho, que fotografa

 as belezas de Belo Horizonte e valoriza as paisagens brasileiras.





Das janelas do trabalho, ardilosa,

mergulho nas flores dos ipês,

gazeteio  em diversos  tons de rosa,

 criando, para noivas, os bouquets.



Transeuntes sérios, apressados,

ignoram as copas em quermesse.

Robôs e pagantes alheados

não vêem os ipês, que em suas preces

celebram, com flores delicadas,

a vida que em beleza agradece. 
                                  
           




Espetáculo barroco e modernista,

gratuito, fortuito e singular,

jardim suspenso para a vista,

matiz rosado e sem par.





Passarinhos e o azul celeste

disputam a moldura deste quadro

que, pintado em nuances e finesse,

adornaria melhor aquele adro

de solitários ocupados a catar,

do passado, as doces lembranças

do que viveram e perderam e amaram.





Esta tela viva e sugestiva

transporta-me, em viagem imaginária,

a um tempo e idade bem festiva.

Atravessa-me e extravasa em poesia,

dos ipês, a beleza solitária,

de BH, as cores fugidias

a escorrer nas calçadas salpicadas.


Praça da Liberdade - Belo Horizonte


Celina Rabello – BH 25/09/17

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