O resgate de si mesmo, que se inicia e se faz através do autoconhecimento, depende em grande parte, da nossa disponibilidade e competência para promover, acolher e participar do encontro. Esse encontro se faz, primeiramente, consigo mesmo. Para encontrar-se é necessário vontade, coragem e silêncio. Só podemos nos encontrar, entrar em contato com nossa interioridade, no silêncio. Criando um vazio interno, calando nossos pensamentos, nossa essência se manifesta.
A chance de uma vida autêntica exige a descida aos infernos dos nossos porões. Corajosamente, é necessário confrontar-se. Muitas vezes fugimos, evitamos o encontro conosco mesmo, pelo medo de reconhecermos que temos que mudar. Por medo de descobrirmos uma face que não nos agrada.
Mas, sem encontrar-se, sem aceitar-se, sem se reconhecer, como encontrar o caminho e como encontrar e aceitar o outro?
Como o processo de autodescoberta desenrola-se pela vida a fora, ao mesmo tempo, ou “nas curvas do caminho”, encontramos o outro. E é através do encontro consigo mesmo e com o outro que nos descobrimos, nos autoconhecemos. E é através do espelho – que é o outro, que podemos ver aspectos nossos que, sozinhos não descobrimos. E a mudança, a transformação acontece é a partir do encontro. É na alquimia do encontro, que nos transformamos, que nos conhecemos e que crescemos.
Como gerenciar sem se autoconhecer?Como gerenciar o outro, se não consigo gerenciar a mim mesmo?
Como gerenciar uma equipe, sem conhecer cada membro dessa equipe?
Como uma equipe pode apresentar resultados satisfatórios, se cada indivíduo dessa equipe não se conhece, não se dá a conhecer, não conhece os demais e não há boa interação?
Desaprendemos muitas coisas importantes nessa época de devastação dos antigos valores humanos. Uma delas é que um guerreiro só vai para um embate, depois que é capaz de enfrentar a si mesmo - o grande inimigo. Depois de enfrentar a dor e demonstrar que pode vencê-la. Basta lembrarmo-nos dos ritos indígenas de passagem.
Fernando Pessoa em seu poema “Mar Português” diz:
“Quem quer passar além do Bojador
“Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.”
Sem se passar pelo deserto não se chega ao oásis. Há que se percorrer o labirinto e enfrentar o Minotauro, como Teseu. Des-cobrir é mais inteligente que en-cobrir. E autoconhecimento é des-coberta, é des-velamento. Para não cometermos o pecado de Narciso (que se perdeu embevecido com a própria imagem) é mister não só fazermos uma viagem interna. É necessário compartilhá-la e apoiar-se no fio que, amorosamente, Ariadne ofereceu a Teseu (a ligação amorosa com o externo). É nesse movimento de ida à interioridade e de volta à exterioridade, de mergulho em si mesmo e de contato com o outro, na travessia contínua dessa ponte, que acontece a autodescoberta. Ela se dá no monólogo e no diálogo; necessitamos da reflexão (que é uma discussão pensada, segundo o Professor Lauro de Oliveira Lima) e da discussão (que é uma reflexão falada, segundo o mesmo grande pedagogo).
Sem se passar pelo deserto não se chega ao oásis. Há que se percorrer o labirinto e enfrentar o Minotauro, como Teseu. Des-cobrir é mais inteligente que en-cobrir. E autoconhecimento é des-coberta, é des-velamento. Para não cometermos o pecado de Narciso (que se perdeu embevecido com a própria imagem) é mister não só fazermos uma viagem interna. É necessário compartilhá-la e apoiar-se no fio que, amorosamente, Ariadne ofereceu a Teseu (a ligação amorosa com o externo). É nesse movimento de ida à interioridade e de volta à exterioridade, de mergulho em si mesmo e de contato com o outro, na travessia contínua dessa ponte, que acontece a autodescoberta. Ela se dá no monólogo e no diálogo; necessitamos da reflexão (que é uma discussão pensada, segundo o Professor Lauro de Oliveira Lima) e da discussão (que é uma reflexão falada, segundo o mesmo grande pedagogo).
À medida que nos autodescobrimos, nos tornamos mais seguros, sabemos por onde andamos e onde queremos chegar. Nossas metas são realísticas porque contam com nossas forças, consideram nossas limitações e são direcionadas para o atendimento das nossas verdadeiras necessidades e para a realização dos nossos sonhos.
À medida que nos descobrimos, aceitamos melhor os outros com suas dificuldades e apreciamos mais suas competências. Percebemos que o caminho do autoconhecimento é trilhado por cada um, no seu tempo e em diferentes experiências. Percebemos que no relacionamento humano, só podemos aprender e ajudar o outro no processo de autodescoberta, através de uma comunicação genuína, franca, aberta e respeitosa. Podemos oferecer à outra pessoa o nosso ponto-de-vista, porém sem esquecermo-nos que se trata apenas da vista de um ponto. E assim, passamos a valorizar a descoberta do outro – o heteroconhecimento, realizado através da comunicação e que possibilita uma gestão efetiva.
Conhecendo-se e conhecendo sua equipe, o gerente aproveita melhor e direciona as competências do grupo para os resultados a serem alcançados e oferece o apoio profissional e humano necessário a cada membro da equipe liderada.
Celina Consuelo Rabello Campos
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