REENCONTRO
Foi um acender de arrebol,
naquela tarde de chuva.
Desenrolamos o fio do sentir
e atendemos ao chamado da vida,
não para solucionar seu mistério –
mas para vivê-lo.
Presenteados com o reencontro
compreendemos que,
se assim a vida se apresentou,
assim deve ser.
E parte de nós foi a pauta
e a outra parte, a música.
Uma parte de nós, as palavras
e a outra, o poema.
Nessa fresta de luz,
trilhamos memórias.
Porque é na neblina
que desenho o trajeto.
É na bruma que faço
a dança da chuva.
Nesse manancial de vida, banhei-me.
Alegrei-me por não termos engaiolado
o brilho da gota de orvalho
na folha de inhame.
Poder se olhar... se extasiar...
As palavras silenciam,
apenas as mãos se tocam.
Só as palavras que moram nos olhos
falam e constroem atalhos
para os nossos jardins.
E efêmera, cumpriu-se a alegria
do encontro, deixando as dúvidas
como presente.
Alpinista, uso os nós
da corda para a escalada.
Celina Rabello – 24/01/2011
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