CARTA DE ALPHORRIA
À minha grande amiga, Guará – Guaraci Barbosa de Carvalho -
itabirana mais rica de coração que todo o minério de sua terra,
que me honra com sua amizade e com o privilégio de chamar-me
de “irmã de fé”, dedico este poema, com especial carinho.
itabirana mais rica de coração que todo o minério de sua terra,
que me honra com sua amizade e com o privilégio de chamar-me
de “irmã de fé”, dedico este poema, com especial carinho.
Hoje, amanheci cor-agem.
Sou capaz de encasular o medo,
andar em areia movediça,
abandonar a fita métrica
para palavras e decisões.
Posso construir novos caminhos
e neles me perder.
Ser ilógica, estar lúcida.
Violar os interditos,
enfrentar as intimidações
e transfigurar o real.
Descalçadas as correntes,
assumo as asas e o mistério.
Voo pelo mar de Minas,
sobrevoo o oceano de montes.
Errante, reinvento paisagens.
“A liberdade é azul”.
A paixão vermelha e branca.
Humanas e mineiríssimas
são as perguntas que me seguem.
Abertas as portas,
destravadas as cancelas e janelas,
a luz planta matizes de alegria
no dentro embolorado.
Devaneios, desejos, expectativas...
Grilhões, mata-burros
ou trilha em mata fechada?
A decisão pula o muro
e tropeça em poesia
partejada em lucidez e volúpia.
Há que se ter olhos que voem.
Coração que desenhe a vereda.
Mãos que desenrolem o fio
e teçam a trama do drama
de Janeiro a Dezembro.
Alphorria e destemor - mãos entrelaçadas.
Fachada e fundo de quintal.
Imanência e transcendência.
Alfa e ômega.
Sem as duas faces de Janus
não se conquista a carta.
De posse do passaporte,
de próprio punho assinado,
renascem as suas asas,
seus pés se tornam mais ágeis.
A travessia das margens
é muito facilitada
por sua bagagem leve
e seu sorriso estampado.
Você se atém ao que é,
desapegada dos rótulos.
Pega no leme do barco,
viaja contra a corrente.
Vaza distâncias e o tempo,
levando a chave do reino.
Mas, se você se distrai,
permite uma viseira nos olhos,
transita em uma só margem,
a viagem é esquecida
e a sua carta perdida.
Só um susto muito grande
ou um extremo cansaço
acorda a nossa memória
ligada à alphorria e à carta -
não de posse de feitor -
muito menos de senhor.
Não a procure no claro,
nem em mãos poderosas.
Ela jaz silenciosa
no mais profundo de nós.
E espera ansiosa,
que seja recuperada
e sua bandeira hasteada -
azul, vermelha e branca.
A fiança que é pedida
para a entrada no reino
tem que vir assinada,
pelo próprio alphorriado.
No documento portado,
a foto é bem antiga -
o rosto é de criança
e o coração de aprendiz.
E assim documentada,
de alegria ataviada,
senhora dos seus desejos,
você alça o voo.
Chega à sua “Minas”
e das reminiscências Gerais,
repete de cor a senha:
“Libertas quae sera tamen”
É agora, ou nunca mais!
Sou capaz de encasular o medo,
andar em areia movediça,
abandonar a fita métrica
para palavras e decisões.
Posso construir novos caminhos
e neles me perder.
Ser ilógica, estar lúcida.
Violar os interditos,
enfrentar as intimidações
e transfigurar o real.
Descalçadas as correntes,
assumo as asas e o mistério.
Voo pelo mar de Minas,
sobrevoo o oceano de montes.
Errante, reinvento paisagens.
“A liberdade é azul”.
A paixão vermelha e branca.
Humanas e mineiríssimas
são as perguntas que me seguem.
Abertas as portas,
destravadas as cancelas e janelas,
a luz planta matizes de alegria
no dentro embolorado.
Devaneios, desejos, expectativas...
Grilhões, mata-burros
ou trilha em mata fechada?
A decisão pula o muro
e tropeça em poesia
partejada em lucidez e volúpia.
Há que se ter olhos que voem.
Coração que desenhe a vereda.
Mãos que desenrolem o fio
e teçam a trama do drama
de Janeiro a Dezembro.
Alphorria e destemor - mãos entrelaçadas.
Fachada e fundo de quintal.
Imanência e transcendência.
Alfa e ômega.
Sem as duas faces de Janus
não se conquista a carta.
De posse do passaporte,
de próprio punho assinado,
renascem as suas asas,
seus pés se tornam mais ágeis.
A travessia das margens
é muito facilitada
por sua bagagem leve
e seu sorriso estampado.
Você se atém ao que é,
desapegada dos rótulos.
Pega no leme do barco,
viaja contra a corrente.
Vaza distâncias e o tempo,
levando a chave do reino.
Mas, se você se distrai,
permite uma viseira nos olhos,
transita em uma só margem,
a viagem é esquecida
e a sua carta perdida.
Só um susto muito grande
ou um extremo cansaço
acorda a nossa memória
ligada à alphorria e à carta -
não de posse de feitor -
muito menos de senhor.
Não a procure no claro,
nem em mãos poderosas.
Ela jaz silenciosa
no mais profundo de nós.
E espera ansiosa,
que seja recuperada
e sua bandeira hasteada -
azul, vermelha e branca.
A fiança que é pedida
para a entrada no reino
tem que vir assinada,
pelo próprio alphorriado.
No documento portado,
a foto é bem antiga -
o rosto é de criança
e o coração de aprendiz.
E assim documentada,
de alegria ataviada,
senhora dos seus desejos,
você alça o voo.
Chega à sua “Minas”
e das reminiscências Gerais,
repete de cor a senha:
“Libertas quae sera tamen”
É agora, ou nunca mais!
Celina Rabello – 15/11/2009
"Mas, se você se distrai, permite uma viseira nos olhos, transita em uma só margem, a viagem é esquecida e a sua carta perdida."
ResponderExcluirParabéns Celina!
Simplesmente maravilhoso!
Obrigada, Goretti, pela gentileza do seu comentário.Pena, só hoje, eu tê-lo percebido.
ResponderExcluirVocê, pessoa alphorriada, senhora do seu destino, há de ser muito feliz sempre. Bjs
A beleza e a densidade dos seus versos revelam-se em grande poesia. Parabéns.
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