sábado, 30 de abril de 2011

                


INVASOR
                                                



Que coisa é esta?

Que quebranto é este?

Instaurou-se e aperta o peito.

Dos olhos, como nascente,

rola em penhasco macio;

sacode seu pensamento,

viaja em trilhos do tempo

e abre trilhas no espaço.



Que coisa é essa

tão amarga e doce?

Hospeda-se em sua cabeça

e muda-se pro seu coração.


                                                                                    
 
Vem mascarada e em código –

caleidoscópio sem lógica –

de cacos fluorescentes.

Desvela imagens passadas

que anestesiam o medo,

adormecem o vigia

e escancaram sua porta. 



Sem cartão ou convite,

sem licença ou senha

vai entrando, se instalando

e logo se acomodando

como se fosse de casa.



Bota pra fora o juízo,  

explora o imaginário

e sem pejo ou siso

se arrancha, decide, comanda.

Não se importa com a tese,

despreza as suas hipóteses.

E prova, sem prova alguma,

o seu falaz corolário.



Celina Rabello – 24/04/2011










































sexta-feira, 29 de abril de 2011





SER OU NÃO SER ?



Diversidade da vida,

multiplicidade de fatos,

pluralidade de idéias

e universalidade humana.



Universidade:

saber diverso,

diverso fazer,

querer diverso –

di-verso e controverso.

Separatividade.

Como chegar à totalidade?



Obra de Salvador Dali


E ao ser inteiro?

Diverso na unicidade,

único na diversidade,

aprendiz, projeto infinito,

possibilidade, promessa e grito

do ator e ser humano

que confidencia, conjura e clama,

tece, borda e trama

a senda da liberdade.



Mesmo traumatizado

por papéis desconectados,

de um sentido maior, esvaziado,

da sagrada inteireza, desvinculado,

ousará viver, integralmente,

a dimensão do saber,

do fazer e do amor?




Viverá sua condição

de ser em construção,

mas ereto e destinado

a interligar terra e céu?

Fica a questão:

ser ou não ser?



Partido e fragmentado

é o ego enganado

e iludido orbita

à volta de suas funções.

E nem de longe cogita

a primazia e essência

da sua consciência,

que em vigília ou onírica,

na unidade cósmica,

palpita.



Celina Rabello - 24/04/2011