quarta-feira, 9 de janeiro de 2013






DA GLÓRIA AO SÃO BENTO





Ao meu padrinho e tio, Francisco Rabello Campos, 
Sr. Chiquinho Campos, com muito amor e gratidão, 
por ter proporcionado tantas alegrias a nossa infância, 
através da sua acolhida sempre carinhosa
 e generosa em sua fazenda.


Era sábado, férias.

Certo o passeio na roça

rumo ao São Bento.

Estrada poeirenta

subia a serra,

descia a serra. 




Caminhada e casos.

Meu pai fortalecia em nós

laços com a terra,

laços com a família,

laços com o passado.




Presente e pretérito

 aliavam-se em histórias:

Zé Rato, comadre Idalina,

Zé Pereira e Naninha,

João Neco, Balbina,

Marquinho, Zé Mamede.

Os Campos e sua gente,

atores do São Bento,

desfilavam na memória

e nos exemplos. 
 


Sob a gameleira

um filete d’água fazia de conta.

Fim do trajeto – uma légua de passeio.

O ribeirão chamava

e a gente ia.

Água espalhada, chapeada

e misturada com risos e nomes feios.

Festa molhada de alegria.




Mas o puxa-puxa do tio Chico

ganhava a corrida do dia.

Cuités à beira da tacha.

O puxa-puxa na água chiava

e borbulhava sua delícia.

Língua queimada

e o céu na boca. Arada!




  Cheiro de curral e rapadura.

Pés na lama e na água da bica –

prazer duplicado.

Prosa na varanda,

agrados sobre a mesa,

roseiras, terreiro de café:

riquezas do tio Chico;

- tio não, menina, padrinho!




Nossa alma voltava

 lavada e iluminada

pelos matizes do dia,

prendas do tio

e cuidados paternos.

 Carinhos de mãe

e fartura de quitandas 

antecipavam o sono  

no reino da Glória.

Benza Deus!



Celina Rabello – 07/01/2013