sábado, 17 de agosto de 2019




A  (FÔ)RMA






A fôrma – larga, única, cômoda: 

- lugar de não pensar;

- caixa onde não mora a dúvida;

a "verdade", aplaudida, vem de fora.



A realidade é a da caverna –

de costas para a saída,

assistir ao desfile das sombras.

Estáticas, marionetes submetidas

veem o filme único.



Não me encaixo.

Não caibo em comporta.

De Dom Quixote, a combatividade,

de Riobaldo, o rabo do pensamento

do quinto reino – justo e igualitário.




Do mar, não virá a nau

de Dom Sebastião.

Há que se construir a história.

Há que se aprender com a história.



Fotografar a realidade e re-fletir

nas águas do cotidiano, o percebido,

não sucumbir como Narciso.

 No sofrimento humano

ungir a solidariedade,

forjar a justiça e  festejar

o voo da liberdade.



Me espanto, me admiro,

questiono, investigo.

Busco outras respostas,

não banalizo a dor.




Não aceito o quase.

Meu sentimento é sempre mais.

Me importo por inteira.

Meu coração bate ora no peito,

ora na mão.



Minha utopia, minha vertigem

é a pluralidade aceita, a unidade humana.

Não me predeterminem, não me submeto.

Aceitar não é se con-formar,

é aguardar a hora de agir.




Celina Rabello - Belo Horizonte, 17 de agosto de 2019