segunda-feira, 21 de novembro de 2011



ÁNTHROPOS





Promessa.

Aprendiz.

Mistério.



Uma denúncia viva,

a sua existência de contradição:

a intimidade o intimida;

nudez de corpo

e alma encouraçada.



Das interrogações,

perdeu a chave

da caixa interna

das respostas.




Delegado ao mundo da surdez,

deserdado de uma relação autêntica,

joga o “faz de conta”.

Os olhos não mais se encontram,

a boca desmente o coração.



Presa do barulho, urbano e interno,

do ladrar dos próprios pensamentos,

não enceta a viagem essencial.

Não faz do seu medo,

instrumento de travessia.

Não acolhe com benevolência:

a palavra,

o gesto,

o coração.


 
Busca seu semblante esquecido,

longe da Fonte Originária,

longe do espelho mágico,

do cofre, que só ele abre.

Sua grande questão,

o cume do seu projeto:

trazer vida à sua existência.



Mas perdeu-se Daquele que É.

Perdeu-se do “Caminho, Verdade e Vida”.

E mascarado, dança no redemoinho

dos caminhos tortuosos, enganosos,

das verdades ingênuas, da má fé.

Morto, na ilusão desta existência,

sepultado, pelos itens do consumo,

desespera-se da VIDA verdadeira.




Sujeito às exigências descartáveis,

deixa de ser o sujeito do seu projeto.

Não discute o estatuto imposto,

não se liberta do apego aprisionante.

Cortou as próprias asas

e sonha com um voo

rumo ao cimo da montanha.



Antrophos,

o estatuto da vida,

o estatuto do sujeito,

o profundo sentido e significado

do seu livre arbítrio

é o AMOR,

confiança e respeito do Criador.



Que brilhe e clareie sua escalada,

esse diamante que traz no peito,

pedra bruta da sua existência.

És mineiro de nascença:

Garimpar - sua tarefa;

lapidar - sua missão.




Celina Rabello - 16 de novembro de 2011





terça-feira, 13 de setembro de 2011

ECOS DE EROS





Por você, eu dancei na chuva,

saltei de pára-quedas,

embarquei em aventura de alpinismo.



Defini-lo? Como?

Misto de sonho e pesadelo.

Encruzilhada e decisão,

emaranhado de um novelo.



Já o despachei para o espaço

em rabo de foguete,

relâmpago e trovoada.

 

Mas você volta a cada estação,

para o meu poema e desalento,

para minha cabeça e coração,

como cutilada e, também, unguento.


 

No Panteão grego,

tão poderoso como Apolo,

 que comanda o tempo

e arrasta as horas,

cortando com seu carro de luz

o céu, de fora a fora,

amedronta o Olimpo

e sua ação, na Terra, revigora.




Seu nome é Eros,

transvestido em Thánatos,

coração de ferro, entranhas de bronze.

Atemporal, ponteiro e norte

da bússola ou grande cilada,

consubstanciada em vida e morte.




Meia face iluminada,

fração em sombra.

Forçado a submergir,

aflora, emerge, não tomba,

acena naquela cor mais esperada

e, em plena madrugada,

me acorda e vem me seduzir.



Celina Rabello – 11/09/2011





segunda-feira, 18 de julho de 2011

OLHAR IMPRESSIONISTA




À muito querida e especial amiga, Maria Stael Pires Moreira - Tael, Taelzinha - cujo olhar generoso e estimulador
sempre regou em mim a semente da “Última flor do Lácio, inculta e bela”, com gratidão e afeto.

 


Meus olhos se abrem

como um oratório –

portal entre o sagrado e o profano.

A potência se transforma em ato:

supero o abismo eu - mundo.




Entre a vidente e o visível,

acende-se a centelha do sensível,

rebenta o sentido sua jaula

e no jogo do ver e ser visto

desse olhar que codifica

e abarca o mundo,

celebro a visibilidade do invisível.



E no andarilhar desses olhos

acordo lembranças, faço colagens,

registro impressões imprecisas,

contrastando luz e sombra.



Em pinceladas curtas,

sem contornos nítidos,

delineio figuras e fundo,

num pontilhismo de nuances

que rompe a ordenação

refratária do cotidiano.

 


Da paleta impressionista,

esse olhar voejante e engenhoso

cria a tela cambiante

e, na prosaica realidade do palco,

viajo no avesso da cena.



Da arte aprendo que não vejo

aquilo que vejo.

Nela me projeto e penso.

E o que vejo

é o espelho narcíseo

cristalino, transparente,

resultado e geratriz

do pensar e do sentir.




Olhar usurpador de todos os sentidos

traça seu plano de voo,

toca a luminosidade do invisível,

condensa o mistério humano.



Olhar e pensamento - estrada vicinal

em curvas e obstáculos do sentir.

Ver liberta-nos do saber,

olhar encharca-nos de ser.

Ver é linear, rápido, imediato.

Olhar é sinuoso, lento, mediado,

cheio de estilhaços e fragmentos

para a composição do todo ruminado.



Desse olhar partejante e sigiloso –

escoamento de universo pessoal –

sou arremessada às possibilidades

e ultrapasso a areia, a concha, o caramujo.

Descubro, desvelo, concebo

o outro na sua objetividade,

recém-nascido subjetivamente.




Mas se ele me olha,

torno-me sua presa objetiva.

Se me nega, me recusa,

não esboça o gesto do diálogo,

não penetro a sua nave,

não me inauguro em seu mundo,

defronto-me com a minha finitude.



Há uma dinâmica, um ritmo

em ver e olhar, em olhar e ser visto.

São expressões do duplo movimento:

eu - mundo,

mundo - eu.



 O olhar, singular e efêmero,

porque filho do ser e do tempo,

proporciona-me a gênese da vida,

ressignificando a individuação,

a alteridade e o mundo.

Criadora e criatura

espreito, transformo.



Celina Rabello – 13/06/2011














































































segunda-feira, 30 de maio de 2011

O QUE É ATENDER?





Se prestarmos atenção, vamos perceber que existem muitos tipos de atendimento e que, cada um de nós, de alguma forma, sempre atende a alguém. Quando não atendemos a uma pessoa diretamente, o fazemos através de alguém que o faz.

Mas afinal o que é atender?

O Dicionário Aurélio oferece-nos vários significados para essa palavra, que varia desde uma pequena escuta, até o prestar auxílio a alguém, resolvendo uma demanda a nós apresentada.

É importante enfatizar que, para qualquer atendimento realizado a regra básica e simples é:
 
 Atender como gostaria de ser atendido.


É necessário individualizar cada atendimento, pois cada pessoa atendida é única e você, como atendente, também é único e deve colocar a sua marca pessoal no atendimento realizado.

Lembre-se que a primeira impressão, na maior parte das vezes, é a que fica.

E que ao atender, a imagem que você transmite, a sua cortesia e competência representam a sua própria imagem como profissional e/ou a imagem da instituição ou empresa na qual você trabalha.

A nossa percepção direciona as nossas ações influenciando, diretamente, a forma como tratamos e atendemos ao nosso cliente. Quando temos claro que a nossa percepção é seletiva, que é comandada pelos nossos interesses, preconceitos, crenças, valores, etc., não a consideramos absoluta e examinamos com flexibilidade nossas impressões e posicionamentos pessoais. Isso é básico ao atender para que não sejamos dirigidos por uma primeira impressão negativa e para que ajamos com uma visão ampliada e benevolente para com o atendido.

Ouvir o solicitante é básico para um atendimento de excelência e para a compreensão da mensagem por inteiro: o conteúdo explícito e seu significado para o cliente – sua necessidade e desejo. Ouvir oportuniza esclarecer expectativas quanto a prazo, processo administrativo e possibilidades de atendimento à demanda.

Devemos ter em mente que ao atender, a situação ou problema apresentado pode ser o centésimo para nós que atendemos, contudo, para o solicitante é o único.

A pessoa a quem atendemos, antes de qualquer solução, quer a nossa atenção.

 A atenção dispensada representa o nosso respeito ao cliente e dá a ele a segurança de que foi compreendido e que será atendido devidamente.



Um bom atendimento, em qualquer nível hierárquico e circunstância, é feito de detalhes que exigem do atendente competência técnica e humana, empatia, disponibilidade e rapidez.

A excelência no atendimento promove a credibilidade do serviço prestado e a imagem positiva do profissional que atende, da sua empresa ou instituição junto aos clientes e na comunidade.

 
Celina Rabello – maio/2011














AUTODESCOBERTA E AUTOESTIMA



O desenvolvimento do ser humano como pessoa começa pelo autoconhecimento. Só se descobrindo em termos de possibilidades, forças, expectativas, sonhos, limitações, talentos, competências e fragilidades a pessoa pode investir em si mesma e crescer em todas as suas dimensões: física, psíquica, espiritual, social, cultural e profissional.

Depois de autodescobrir-se é necessário aceitar a si mesmo. Caso contrário, a pessoa gastará toda a sua energia em uma guerra interna interminável e dolorosa contra as próprias culpas, fracassos, dificuldades, dores e mágoas.

No entanto, ao ganharmos a nossa própria aceitação e aprovação, menos dúvidas teremos sobre a aprovação e aceitação dos outros.

Ao desvendarmos nossos porões, dificuldades e imperfeições sentimos compaixão, tentamos nos compreender, não nos condenar. O que não quer dizer cruzar os braços e ser passivo frente às próprias limitações. Pelo contrário, a pessoa que se aceita é capaz de se perdoar, mas numa disciplina saudável busca, continuamente, o próprio aperfeiçoamento.

À autodescoberta e à autoaceitação virão somar-se uma autoimagem positiva e um sentido de autocelebração.

Uma boa definição e aceitação de si mesmo produzem um caminho aberto para a comunicação e para a relação com as outras pessoas. As diferenças individuais são aceitas, as defesas e barreiras pessoais são baixadas e a comunicação flui de maneira franca e aberta. As pessoas são capazes de expressar o que pensam e sentem e capazes de ouvir sem julgar. Portanto, para o sucesso nas relações interpessoais e para o sucesso profissional em geral, é de extrema importância um trabalho permanente de autoconhecimento, autoaceitação e construção de uma autoimagem positiva. A esse trabalho corresponderá uma pessoa e um profissional   mais compreensivo, responsável e atencioso.

 Celina Rabello – maio/2011