DESERTO
Corro das grades.
Não gosto de cercas.
Caminho.
Vou indo de mim para mim, esbarro.
Tropeço, encosto, desfaço o nó.
Desvencilho-me do ontem.
Quero largueza.
Quero desertos cheios de nada,
palpitantes de possíveis,
carregados de interrogações, de travessões,
onde ocorra a conversa essencial.
E um oásis pequeno
onde molhe os pés, tire a areia dos olhos
e redesenhe a vida, com o dedo no solo.
Palmeiras verdes para serenar a alma
e uma noite de estrelas para viajar meu sonho.