O AMOR
Às pessoas sagradas ao meu coração.
Às pessoas sagradas ao meu coração.
O amor tem a força de um tufão
e a doçura de um
miosótis.
Alaga o coração,
transpõe barreiras e distância,
transborda escarpas
e inunda o povoado da alma.
O amor é sempre recomeço,
boa vontade, espera e escuta.
Reinventa motivos e significados,
transmuta charcos e brejos
em dália branca perfumosa.
Reescreve uma história inventada
ou genuína.
Risca e apaga lembranças dolorosas.
Ressurge, floresce, aquece e move.
O amor sabe todas as línguas,
dá aulas de
paciência;
flexibiliza o corpo, a mente, o coração.
O amor pinta e rabisca com a gente.
Criança e Cupido brinca e arma,
desarma, flecha, medica e cura.
Mas também machuca,
maltrata e escapa
pela janela escura.
O amor não supõe razão,
é puro sumo, síntese, correnteza
onde navegamos ou nos perdemos
em seus encantos, em nosso medo.
O amor é feito de açúcar,
de renúncia, de paz, de arritmia,
de olhares cruzados, encharcados
de desejos, sonhos e melodias.
veste o tempo
e desnuda-se em poesia.
Brinca de esconde-esconde
num jogo de máscaras e fantasia
ou surge nu, inteiro,
verdadeiro.
O amor rasga, retalha e mutila,
ajunta, emenda, remenda,
costura e borda com arte
sua marca inconfundível.
Ah! O amor...
Celina Rabello – BH, 14 de janeiro de 2016