terça-feira, 18 de julho de 2017




MEMÓRIA







Memória, espelho da meninice

 e do entusiasmo.

Poço das interrogações

da primavera e do outono.


Memória das cores e do perfume do manacá,

das murteiras em branco enfileiradas,

platéia para as rodas e cantigas,

das risadas e prazer

do pular corda e colares de boninas.



Memória do jarro de prata e das flores da alegria,

do mistério do forno de barro

que engolia latas pretas

e partejava o dourado das quitandas.
  




Lembrança dos tachos e gamelas,

do tum tum tum do pilão

transformando rapadura, farinha

 e amendoim na paçoca cheirosa -

sabor da infância emoldurado pela saudade.

Fartura e liberdade

sem chaves e fechaduras.







Memória:

Escorregões, tropeções e impulsos –

bojo de estranhas descobertas.

Depósito de expectativas,

para com bagagem leve

fazer a travessia.



Aprender a aprender,

aprender a desaprender
.
O edifício pessoal, no claro-escuro,

 cresce soletrando a si mesmo

no texto e no contexto

da dor, do prazer

e da memória. 



Celina Rabello – 20/06/2017

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