“A
PEDRA DO REINO”
No
meu reino tem uma pedra
alta,
áspera, enorme.
Tudo
domina como uma cátedra
esse
paredão escuro e disforme.
A
cada dia, olha-me o desafio:
desfraldar
no alto do rochedo
a
bandeira tecida fio a fio
com
as cores da coragem e do medo.
A
escalada é árdua, muito dura.
Subo
alguns metros, avanço um pouco
e
desvelo como uma pintura,
o
mundo que eu pensava fosse ôco.
Mas
tropeço numa ponta solta
e
com tristeza e grande pasmo,
de
novo, volto onde estive antes,
decepcionada
e também envolta
em
cansaço e forte marasmo.
Contudo,
como Sísifo, recomeço.
Junto
forças, ânimo, me apresso.
Para o pico da pedra alcançar
é
preciso esquecer os desacertos,
seguir
em frente, recriar
a
fé, o foco, a fecunda esperança
da
bandeira lá no topo hastear.
Aprendo
a cada dia na escalada:
importante
é o rumo, não a velocidade;
a
conquista se dá na firme lida,
um
passo, outro passo e, na verdade,
que
a pedra, também, é conquistada
nos
tombos e nos tropeços da jornada.
Nota: O nome deste poema foi inspirado em "A PEDRA DO REINO" - nome mais conhecido do romance de Ariano Suassuna: "Romance d'A PEDRA DO REINO e o príncipe do sangue do vai-e-volta", editora José Olympio.
Celina
Rabello – BH, 30 de junho de 2018
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