MADRUGADA
Madrugada fria.
A chuva bate nos vidros, na rua.
Molha meus pensamentos,
acorda lembranças,
encharca minha alma.
Fecho os olhos pra ver.
A chuva escorre no asfalto.
Lava a poeira de agosto,
mas não lava
o lixo
da desigualdade social,
não carrega as injustiças,
as dores dos despossuídos,
dos solitários, dos desamores.
No país, no continente, no planeta,
alguém mais aguarda a aurora.
Que pensamentos embaçam seu sono?
Alguma angústia aguilhoa sua cama?
Que esperanças velam sua noite?
À escuridão segue a luz.
Ânima e animus se animam
lavados pela chuva e pela alvorada.
Floresce o dia, brota a folha,
o verso acorda e estampa a poesia.
Foto de Marcus Vinícius Campos Bandeira - Ville de Québec |
Celina Rabello - Belo Horizonte, 04/08/2018
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