quinta-feira, 23 de abril de 2015



NA  ASA  DO  VENTO



Na asa do vento
giro, rodopio, decifro
no espaço e no tempo,
os enigmas.


Leve e livre, só brisa,
macia, fugidia,
guio meu navio
no fio do pensamento.


Vejo e aprecio,
do mar do firmamento,
a bombordo da vida,
as nuances desapercebidas,
os semitons do dia a dia.


E nessa viagem
no tempo e no vento,
ora da popa, ora da proa,
assumo o meu quintal-mundo,
o mundo que é o meu quintal.


Neste passo e compasso,
um rumo diferente eu traço
e viajo a outros terrenos.


Esse sonho e aventura
requer um outro mapa,
registro de novas atas,
silenciar a matraca,
esvaziar minha arca
e acolher sem julgar.


Para um novo bordado,
descobrir novas cores,
outro risco e matizes
em trama bem alvejada,
costurada e arrematada
por diálogo construtivo,
sincero, aberto e afetivo.


Guardei as minhas certezas,
libertei o aprendiz
humilde e curioso
e que vive sequioso
por conhecer nova gente,
transpor fronteiras e pontes
erguer marcos e arcos.



Minha arca esvaziada
para encetar a viagem,
volta agora abarrotada
de bem-querer e afagos,
em cada porto, conquistados.


Meu quintal ficou mais rico:
memórias cultivadas,
os afetos  semeados,
amores revisitados,
amizades ampliadas
nos laços que faço
na asa do vento,
no tempo e no espaço.  
  


Celina Rabello – BH - 16/04/15

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