sábado, 5 de setembro de 2015


PRIMAVERESCER 



Tem quinze anos a primavera,
as cores e a textura da flor-de-seda,
o cheiro tão doce quanto
o do manacá.


Às vezes, ciciante, lembra o vento
cantando no bambuzal.
Na sozinhez, seu silêncio
tem a brancura da dália do brejo.



Pululam, em seu corpo sazonal,
a inocência, o desejo, o lampejo
de coisas inatingíveis.


Não pressente que o verão vai
crestar sua cor, sua energia
de borboleta dançarina.



Azula o céu, perfuma o ar, 
matiza a coreografia das flores,
aviva a esperança, irradia vida.
Mal saída do casulo,
sente-se imperatriz do seu destino.


Vive, primavera, enquanto é tempo,
outras estações tocaiam atrás da porta.
Efêmera, transita como se eterna.
Infinita pelo pensamento,
sabe-se fugaz.
Jardim de contradições e paradoxos.
Quem mais bela?



Celina Rabello – 03/09/2015

3 comentários:

  1. Linda e agradavel de ler com curiosidade sobre qual flor virá em versos. Primavera mexe com a gente de verdade. Exemplo disso o Manaca me levou à minha casa e às noites de lua cheia sobre ele. Belos versos !

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    1. Obrigada, Meire!Eu também viajo nas flores,cada uma traz uma boa lembrança.

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