O RELÓGIO
Relógios repetem
o mesmo compasso há séculos.
Mas a cadência de agora
não é a que eu ouvia
quando a nossa
rua tinha murteiras
e os domingos não eram dias
de se arear
panelas.
A ciranda do relógio,
com seu pêndulo
em lira,
na sala de visitas,
era de doce ansiedade
misturada à imagem do presépio,
onde a fé, a ternura e a natureza
haviam construído uma gruta para o Amor.
Hoje, a pauta das horas
eterniza a
circunferência
de um tempo repartido
em tédio, esperanças amarelecidas
e algum fruto da alegria.
A disritmia do relógio
não garante o sonho da madrugada.
Mas o iridescente galo do Natal
da aurora abre as asas, e anuncia
que o Menino faz, das cinzas,
renascer a fênix.
renascer a fênix.
Celina Rabello – BH - 19/12/2018
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