quinta-feira, 10 de março de 2011

TEXTO AUTOCONHECIMENTO E LIDERANÇA

O PROCESSO DO AUTOCONHECIMENTO E A LIDERANÇA



O resgate de si mesmo, que se inicia e se faz através do autoconhecimento, depende em grande parte, da nossa disponibilidade e competência para promover, acolher e participar do encontro. Esse encontro se faz, primeiramente, consigo mesmo. Para encontrar-se é necessário vontade, coragem e silêncio. Só podemos nos encontrar, entrar em contato com nossa interioridade, no silêncio. Criando um vazio interno, calando nossos pensamentos, nossa essência se manifesta.

A chance de uma vida autêntica exige a descida aos infernos dos nossos porões. Corajosamente, é necessário confrontar-se. Muitas vezes fugimos, evitamos o encontro conosco mesmo, pelo medo de reconhecermos que temos que mudar. Por medo de descobrirmos uma face que não nos agrada.
Mas, sem encontrar-se, sem aceitar-se, sem se reconhecer, como encontrar o caminho e como encontrar e aceitar o outro?

Como o processo de autodescoberta desenrola-se pela vida a fora, ao mesmo tempo, ou “nas curvas do caminho”, encontramos o outro. E é através do encontro consigo mesmo e com o outro que nos descobrimos, nos autoconhecemos. E é através do espelho – que é o outro, que podemos ver aspectos nossos que, sozinhos não descobrimos. E a mudança, a transformação acontece é a partir do encontro. É na alquimia do encontro, que nos transformamos, que nos conhecemos e que crescemos.




Como gerenciar sem se autoconhecer?
Como gerenciar o outro, se não consigo gerenciar a mim mesmo?
Como gerenciar uma equipe, sem conhecer cada membro dessa equipe?
Como uma equipe pode apresentar resultados satisfatórios, se cada indivíduo dessa equipe não se conhece, não se dá a conhecer, não conhece os demais e não há boa interação?

Desaprendemos muitas coisas importantes nessa época de devastação dos antigos valores humanos. Uma delas é que um guerreiro só vai para um embate, depois que é capaz de enfrentar a si mesmo - o grande inimigo. Depois de enfrentar a dor e demonstrar que pode vencê-la. Basta lembrarmo-nos dos ritos indígenas de passagem.
Fernando Pessoa em seu poema “Mar Português” diz:
“Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.”
Sem se passar pelo deserto não se chega ao oásis. Há que se percorrer o labirinto e enfrentar o Minotauro, como Teseu. Des-cobrir é mais inteligente que en-cobrir. E autoconhecimento é des-coberta, é des-velamento. Para não cometermos o pecado de Narciso (que se perdeu embevecido com a própria imagem) é mister não só fazermos uma viagem interna. É necessário compartilhá-la e apoiar-se no fio que, amorosamente, Ariadne ofereceu a Teseu (a ligação amorosa com o externo). É nesse movimento de ida à interioridade e de volta à exterioridade, de mergulho em si mesmo e de contato com o outro, na travessia contínua dessa ponte, que acontece a autodescoberta. Ela se dá no monólogo e no diálogo; necessitamos da reflexão (que é uma discussão pensada, segundo o Professor Lauro de Oliveira Lima) e da discussão (que é uma reflexão falada, segundo o mesmo grande pedagogo).

À medida que nos autodescobrimos, nos tornamos mais seguros, sabemos por onde andamos e onde queremos chegar. Nossas metas são realísticas porque contam com nossas forças, consideram nossas limitações e são direcionadas para o atendimento das nossas verdadeiras necessidades e para a realização dos nossos sonhos.

À medida que nos descobrimos, aceitamos melhor os outros com suas dificuldades e apreciamos mais suas competências. Percebemos que o caminho do autoconhecimento é trilhado por cada um, no seu tempo e em diferentes experiências. Percebemos que no relacionamento humano, só podemos aprender e ajudar o outro no processo de autodescoberta, através de uma comunicação genuína, franca, aberta e respeitosa. Podemos oferecer à outra pessoa o nosso ponto-de-vista, porém sem esquecermo-nos que se trata apenas da vista de um ponto. E assim, passamos a valorizar a descoberta do outro – o heteroconhecimento, realizado através da comunicação e que possibilita uma gestão efetiva.
Conhecendo-se e conhecendo sua equipe, o gerente aproveita melhor e direciona as competências do grupo para os resultados a serem alcançados e oferece o apoio profissional e humano necessário a cada membro da equipe liderada.

 Celina Consuelo Rabello Campos

 Belo Horizonte, 08 de maio de 2009



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